Gratidao

Fernanda é a psicóloga que está me ajudando a renascer, a sair da caverna na qual eu estava escondida.
Tenho Boderline e bipolaridade. Com isso, vêm vários outros problemas como fobia social, ansiedade, medo, pânico… Bota problemas nisso!

A forma com que Fernanda trabalha não é para segurar o paciente e sim para que ele se conheça e cresça mudando de hábitos, tornando-se independente.

Eu nunca havia feito terapia online. Fernanda foi a minha primeira experiência. Logo no início da quarentena.

A abordagem da minha terapeuta é a cognitivo-comportamental. Mas ela também usa de outras ferramentas no processo de trabalho de cura. E digo cura porque Fernanda foi a única profissional que falou sobre essa possibilidade para mim em mais de vinte anos trocando de psicólogos e de outros profissionais.

Os psiquiatras me enchem de remédio. Tomo oito medicações no momento. Mas, continuando com o trabalho de Fernanda, tenho certeza de que essa quantidade toda vai diminuir. E já percebo essa melhora em mim mesma.

Voltando a falar de terapia cognitivo-comportamental, eu antes não gostava dessa linha de tratamento. Preferia a freudiana com pitadas de outras abordagens. Só que agora em que vejo resultados reais na minha vida, percebo o quanto foi bom Fernanda ter me conquistado.

Quando Fernanda chegou em minha vida, eu era o medo em forma de gente. E ela foi logo passando “deveres de casa”: exercícios de Ho’oponopono e respiratórios, dicas de vídeos, meditação, ioga, além do uso de frequências sonoras para ajudar a controlar ansiedade e outros problemas.

Fernanda me fazia acordar às sete horas da manhã , sendo que eu estava acostumada a levantar da cama ao meio dia. Fez isso durante três dias para que eu pudesse ter umas aulas de ioga com ela para me estimular a dar os primeiros passos.

Deu tudo certo mesmo sendo online. No exercício respiratório, percebi que tenho uma frequência certa para ouvir. Não sabia do que se tratava. Contudo, quando descobri, amei.

Estou agora me redescobrindo com a ajuda de Fernanda, ficando mais forte. Eu antes não saía quase de casa de tanto medo que sentia. Porém, com a terapia, consegui controlar melhor esse sentimento.

Eu me amo mais. E quero tudo de bom em maior quantidade. Sinto-me a própria FENIX! E, enquanto o mundo se desmorona com a pandemia, consigo me manter equilibrada agora.

Realidades

Fecho os olhos e vejo uma realidade paralela.

Encontro minha mãe mais jovem, linda e sorrindo cheia de vigor. Morro de saudades dela. A pandemia afastou a gente. Já faz mais de três meses…

Abro os olhos enxergo a realidade concreta. Não gostei.

Fecho de novo os olhos e vejo a mim mesma com cabelo Channel vermelho, três crucifixos no pescoço, muitos anéis, blusinha preta colada, sem barriga, sem sutiã com tudo em dia, calça jeans 36, bota e bolsa pretas, bem básica. Na face um sorriso largo de alguém que se diverte na vida. E também estava usando um par de óculos escuros redondos que tenho até hoje. E já se vão mais de 20 anos.

Abro e fecho novamente os olhos e me vem uma canção a cabeça:

“Nada ultrapassa
a velocidade do amor
Venha de onde vier
seja como for
Subtamente o tempo
parece parar
Nada acontece distante
do seu olhar…”
(“Tudo Pode Mudar” / Banda Metrô)

Outra vez, fechando os olhos, volto a adolescência: eu e todas com roupas coloridas. Chegam a doer os olhos! Estávamos usando maquiagem marcante, ombreiras gigantes e tendo em si o sentimento de imortalidade.

Vou parar de abrir e fechar os olhos. Senão acabo voltando para o saco do meu pai. P****

Mulher zerada

Saída da maternidade. Quanta felicidade…

Uma linda menininha toda de rosa com lacinho na cabeça. Outro, um machinho, que, como reza tradição, usa cor azul. E, para completar, um par de gêmeas.

Todas as famílias muito felizes: os avós, os tios e as pretendentes à madrinha. Tudo perfeito!

Já a outra, tem uma realidade diferente… É a sombra que passa invisível na saída da maternidade, com as mãos vazias e o peito a chorar. Caminha sem sorrisos, sem parentes, sem madrinhas para disputar o cargo e, enfim, sem felicidade.

Ela sofre as mesmas dores que, às vezes, são ainda piores (para falar a verdade, no final, a dor é sempre maior). Pois não sabe o motivo porque perdeu o bebê. Só sofre e chora. Ela não deu causa à perda mas, mesmo assim, sente-se culpada. Sofre um vazio imenso na barriga, nos seios, nos braços e na mente.

Homens de bem

Não quero ética, nem moral.

Quero a Filosofia dos bares das ruas, das putas, dos enjeitados, dos marginais.

Quem sabe se, com eles, eu aprendo algumas “manhas” e truques para conseguir viver neste momento caótico, cheio de sujeitos “espertos” e que se acham “seres superiores”.

Onde que esses rejeitados se refugiam em seus momentos de dor?

Em qual lugar de suas mentes?

Ah, os ébrios… Talvez sejam melhores companhias do que os “masturbadores metais” e os “burgueses hipócritas” fingindo-se de homens de bem.

Dentro da caixa

Estou dentro da caixa com todos os outros.

Eles pensam de forma igual, mas me sinto diferente.

Isso me faz muito mal. Muito mal…

Não somente o fato de ser diferente, mas também o de estar dentro da caixa.

Se fico, não me adapto. Se saio, ficarei só. E ainda terei de sofrer constrangimentos, humilhações…

Outros conseguiram (sair). São fortes, mas eu não. Sou sensível demais. Pelo menos é o que acho.

Preciso saber o que faço. Preciso de ajuda. Sozinha não consigo, creio eu.

Estou me sentindo muito fraca e confusa. São muitos pensamentos passando pela cabeça rapidamente, quase que ao mesmo tempo, e isto me enlouquece.

Meu coração disparou. Estou com medo. Quero que chova. O dia está lindo. Que merda!

Matando Deus

Se Deus é ou está em tudo, estamos matando Deus.

Quando cortamos uma árvore, quando assassinamos as baleias, quando entupimos nossas praias de óleo e, enfim, destruímos sua criação, matamos o seu Eu ou Essência.

Foto: Agência Brasil – http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-10/consumidor-pode-remarcar-viagem-praias-atingidas-por-mancha-de-oleo?amp

Indo dormir

Estou com sono. O dia não foi cansativo e muito menos monótono.

Passei mal o dia inteiro. Essa tem sido a minha rotina diária desde que iniciei o “desmame” do Rivotril.

Meus dias têm sido um inferno. Sei que é necessário mas doi.

Doi muito e preciso de algo. Ou do Supremo para segurar em minhas mãos e dizer “mais um passo”.

Às vezes, quando olho minhas veias do punho, imagino o calor dentro delas: o vermelho do sangue, a pulsação e as batidas do meu coração como se seguissem ordens. O corpo tão perfeito, biologicamente divino…

Quero deitar e dormir.

Pareço incoerente, não escrevendo coisa com coisa. Mas dane-se.

A onda

Estou passando pelo deserto, mas não tem ninguém comigo neste momento para me ajudar na condução e me consolar.

A solidão corrói a mente já carcomida pelos contínuos anos de medicação e pela dureza do mundo.

Às vezes caio e, quando levanto, é mais uma ferida a sangrar.

Estou cansada, mas meus olhos não fecham. Estes temem não mais se abrir [se fecharem]. Talvez por medo da dor ou da loucura.

Ela está chegando – a onda. Ela bate e machuca. Sei que estou no deserto, mas ela me persegue aonde eu vá.

Não dá mais.